domingo, 29 de abril de 2012

Demagogia Social


Tentei ir,
mas a rua não deixou,
caia em cada buraco.
Tentei enxergar,
mas aquilo está presente em tudo,
no papel, nos ouvidos, na estante,
tapando os meus olhos com mentiras.
Tentei me vestir,
mas aquela roupa do manequim
apertava
e a cor não estava à moda.
Tentei comer,
mas continuei com fome
para ser igual à ele.
Olhei o outro, que não comia,
que morria a cada garfada.
Tentei passear,
mas o calor dos motores
me queimava.
E o frio da fumaça
me congelava.
E o conforto do mundo
me adoecia.
Tentei alegrar,
mas os ares nortinos não deixaram.
Sou do sul,
esquecido e lembrado pela alegria.
Mas que alegria?
A que só vem em fevereiro?
Naquele mundaréu de cores falsas e bebidas?
Naquelas curvas femininas
de mulheres ignorantes?
Naquelas esferas rolantes em grama?
Acho que talvez.
Tentei assistir,
mas só vejo dor e sofrimento sensacionalistas,
a queda dos já caídos,
e os sorrisos dos caluniadores,
que sobem como a bolsa voadora,
que andam em calçadas de pele,
que sequer gemem.
O que fazer agora, Deus meu?
Já tentei de tudo,
mas minha espécie não me deixa viver em paz...
Me sinto um selvagem,
vivendo em uma selva dita tão aberta,
mas que é tão fechada...
Estou à espera de um meteoro,
não o da paixão, que só traz irritação,
mas um igual ao jurássico,
que destruísse tudo isso. 

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