sábado, 14 de junho de 2014

A Influência do Som e da Música na Publicidade







  • O Som e Seu Poder Cognitivo


          Digamos que você ficou estressado com seu cotidiano, decidiu largar tudo e fazer um retiro espiritual no Nepal, entre as montanhas do Himalaia. De repente, enquanto você medita, um som ecoa na cordilheira, quebrando o silêncio celestial e glacial e chega com o vento no seu ouvido. Esse é o som em questão:




          Não foi dito nenhuma palavra, mas você logo percebeu do que se tratava. Mesmo do outro lado do mundo, no meio de uma meditação profunda, o logo da Rede Globo brilhará em sua mente da mesma maneira como brilharia se você estivesse em frente em sua tela plana no meio da barulheira de São Paulo.

          Esse reconhecimento deve-se ao processo cognitivo, que é a forma como o cérebro adquire, processa e recaptura toda a informação que é adquirida através dos cinco sentidos. Você foi condicionado a pensar que esse "plim plim" nada mais é do que um símbolo sonoro da Rede Globo. Esse ruído foi criado em 1971 pelo diretor da emissora para fazer com que as famílias voltassem para a frente da TV entre os intervalos comerciais. Posteriormente, tornou-se marca registrada da empresa.

          Vamos para mais alguns exemplos de como o som pode ser imensamente trabalhado pelas empresas a fim de causar o mesmo reconhecimento.












  • A Busca pela Experiência Sensorial

          O sucesso de uma marca depende de como ela é percebida pelo consumidor. De acordo com o publicitário e psicólogo Sal Randazzo "o produto abrange um espaço físico, perceptível e tangível, enquanto que a marca está no sentido psicológico, intangível, dinâmico". 

          A marca precisaria tornar-se uma experiência sensorial que vai além do paradigma tradicional, que aborda principalmente o aspecto visual e auditivo. (...) deve criar seguidores nos moldes do compromisso obsessivo demonstrado por torcedores de um time ou, até em certos aspectos, da fé de uma comunidade religiosa. A conexão que surge é o adesivo social que vincula e une diversas gerações. (LINDSTROM, 2007, p. 17)

          A publicidade busca criar essas sensações e transmiti-la para a marca, dando mais sentimento a ela e fazendo com que se destaque perante ao consumidor. 
          A música em si traz consigo uma carga muito sentimental, pois ela evoca sentimento e isso é considerado uma ferramenta muito poderosa no meio publicitário.

  • Como o Som Influencia Diretamente nosso Corpo

          O som é uma forma de energia que se propaga através de ondas de compressão e descompressão do ar.
          As ondas sonoras chegam até o aparelho auditivo, fazem o tímpano vibrar que, por sua vez, faz os três ossos da orelha (martelo, bigorna e estribo) vibrarem; as vibrações são passadas para a cóclea, onde viram impulsos nervosos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo auditivo.
          música  é uma forma de arte que se constitui basicamente em combinar sons e ritmo seguindo uma pré-organização ao longo do tempo.
          Pesquisas revelam que dentre os elementos da música, a Harmonia é percebida (torna-se consciente), predominantemente, no Córtex Auditivo do hemisfério direito do cérebro. A Harmonia é a ciência de combinar sons tocados simultaneamente de uma forma que soem bem, pois assim nosso sistema nervoso os traduz como algo agradável.
          Ao mesmo tempo em que o Tálamo (núcleo do sistema nervoso central que recebe, processa e encaminha as informações vindas do ambiente) direciona estes impulsos nervosos, gerados pela harmonia, para o local de percepção auditiva, também os envia para serem processados no Córtex Pré-Frontal – camada cerebral mais externa no Lobo Frontal. O Lobo Frontal é a região do sistema nervoso central responsável pela razão, pelo raciocínio, pelo entendimento, por elaborar os pensamentos (mente), as decisões, ou seja, é a região intelectual do cérebro onde podemos analisar os conceitos adquiridos e decidir entre o certo e o errado.
          Quando uma fonte sonora envia ondas sem comprimento definido (freqüência indeterminada) nosso cérebro, indistintamente, traduz essa informação como ruído (barulho). Este tipo de som é compreendido como uma agressão e, por isso, nosso organismo se prepara para enfrentá-la na forma de uma reação de estresse. Os mecanismos utilizados para isso são tão potentes que, fisiologicamente, são utilizados durante uns poucos minutos apenas, caso contrário se tornam mais prejudiciais do que benéficos ao nosso corpo.

  • O Uso da Música na Publicidade

          Sabendo do poder que a música tem sobre as pessoas, a publicidade viu a oportunidade de ter mais um trunfo na manga para assim angariar mais consumidores para as empresas e fidelizá-los.
          Essa ferramenta não é uma coisa recente. Desde que começou-se a veicular vinhetas em rádio, da própria rádio porque não, o som e a música já surgiram como instrumentos publicitários.




          Existem aquelas marcas que também tem uma melodia própria. Muitas das empresas de telefonia móvel criaram toques para seus celulares.








  • Um Negócio Lucrativo Para Ambas as Partes

          Muitos dos grandes festivais de música no mundo atualmente tem uma enorme lista de patrocinadores. As empresas enxergam nesses festivais uma maneira de estar mais próximo ao público, justamente numa hora em que ele está alegre, feliz e em busca de experiências que vai levar para toda a vida.


          Tem aquele caso em que o artista tem a imagem veiculada com a marca. Isso é bom tanto para o artista, que traz visibilidade para seu trabalho e garante uma boa verba, quanto para a empresa, que acrescenta mais fãs para seu público-alvo e dá voz a sua marca.



          Esse mercado também é bastante interessante para músicos que vendem suas músicas para as empresas utilizarem.




          E aqueles que vendem os direitos autorais para que a empresa crie uma versão.


  • Conclusão
          O som e a música são dois aspectos que estão muito inerentes ao nosso cotidiano, nos influenciam muito e estão por toda a parte.
          A publicidade busca maneiras de estar perto do público, por isso vê na música uma forma de conquistar mais consumidores e de aumentar o leque sensorial que é proposto.
          Afinal, como já foi dito, o produto é algo tangível, sua embalagem e conteúdo estão lá, disponível nas gôndolas dos mercados. A marca já transcende, é algo psicológico, intangível. Assim como a música, e o som.



Fontes

http://www.academia.edu/4621870/Adverbands_a_musica_na_publicidade

http://musicaeadoracao.com.br/21650/como-a-musica-e-percebida-e-afeta-o-corpo/