domingo, 16 de novembro de 2014

Um Olhar Sobre Interestelar





Há mais de um ano, fiz um post especial comentando a minha visão sobre um dos cineastas mais falados dos últimos tempos, Christopher Nolan . Sua filmografia é composta por obras que conseguiram o grande feito de agradar tanto a crítica quanto o público. Por isso, seus filmes vão bem na bilheteria e nas premiações.

A cerca de dois anos, soube que Nolan estava iniciando um projeto que envolvia viagens no espaço, no tempo e realidades alternativas. Já tinha assistido grande parte de seus filmes na época, e ali percebi o quanto o diretor saberia interligar essas realidades de forma crível e ao mesmo tempo enigmáticas, além de prever cenas grandiosas e que exigiriam muita atenção. 


Tudo isso me deixou muito excitado, pois sou muito fã de tudo que envolve o universo e seus mistérios. Digo que, se não fosse publicitário, seria astronauta.
O tempo foi passando e foi sendo anunciados elenco, artes e teasers. O primeiro, diga-se de passagem, me deixou apreensivo. 




Naquele momento, havia percebido que o filme teria um aspecto mais emocional, algo que não vimos muito nos últimos filmes de Christopher Nolan. E quando tinha, não era lá aquelas coisas. Lembrem-se da parte um tanto quanto "constrangedora" de The Dark Knight Rises, quando tudo começa a se revelar em cenas estranhas e momentos mais emocionais (como a morte de Marion Cotillard) não foram muito convincentes. 




Mesmo assim, resolvi confiar em seu trabalho e dei uma chance. Afinal, como você pode ver, somente com o teaser ele conseguiu nos deixar curioso e instigado.


Assim, os trailers, fotos e posters começaram uma ser divulgados.




Quinta passada, dia 06, foi lançado, com muito sucesso entre o público. Minha curiosidade só aumentava, e as críticas foram aparecendo. Confesso que fiquei um pouco decepcionado, pois uns diziam ser o melhor filme já feito, enquanto outros diziam ser muito ambicioso e pouco atrativo. Mas, como sempre faço, esperei ver para tomar minha decisão.


Fui assistir nesse sábado numa sala que dispunha de uma nova tecnologia, a D-BOX, em que as poltronas vibram e se movimentam conforme a cena, ajudando na imersão. Essa ideia dá certo em algumas partes, principalmente naquelas com mais ação. Mas em outras fica evidente que foi feita só pra se mostrar presente (por exemplo, toda cena que envolve a movimentação de um carro a poltrona se mexe conforme as ações do veículo, até mesmo em um simples ato de estacionar).


Inicialmente, somos levados a um futuro não informado, mas próximo, onde as condições de sobrevivência estão precárias. Pragas devastaram grande parte da comida (só se come milho) e tempestades de poeira são frequentes. Nesse aspecto, a ambientação se torna bastante eficiente, pois vemos a poeira presente em todos os momentos, seja nos rastros das mãos sobre a mesa, seja na fina cortina que permeia toda o primeiro ato. Além disso, as pessoas estão sempre com ares de sujeira, a suor. A humanidade está se tornando agricultora novamente, não por opção, mas por necessidade.





A maioria das críticas negativas sobre o filme fala sobre o excesso de explicação, que é uma mania de Nolan. Realmente, em algumas cenas isso é perceptível, mas não é algo que incomode. Pelo menos não para mim.

Depois de desvendar os casos misteriosos que aconteciam em sua casa, Cooper (Matthew Mcconaughey, ótimo) descobre uma missão da agora clandestina NASA e é convidado a ajudar a salvar a humanidade por meio de uma exploração envolvendo "buraco de minhoca" e tempo, relatividade e afins. Para quem é fã de ficção científica, vai ter muita identificação com o filme e quem é fã de drama, e até de comédia porque não, também.

A obra nos enche os olhos com imagens fascinantes, seja no espaço ou na empoeirada Terra. Christopher Nolan criou uma maneira de tornar coisas que não são perceptíveis, como a gravidade e os buracos negros, visíveis. E a técnica é peculiar e extremamente comprável, além de te deixar maravilhado. A forma como o cineasta consegue transpor essas coisas em imagens é brilhante, como podemos ver não só nesse filme, mas também em A Origem e em O Grande Truque, outras de suas obras.



A trilha-sonora de Hans Zimmer, ao contrário do estrondoso A Origem e da dinâmica trilogia de Batman, aqui é mais calma, aflita muitas vezes, introspectiva em outras.

O elenco de atores é ótimo. Eles conseguem nos passar verossimilhança nos momentos mais explicativos e nos mais sentimentais. Jessica Chanstain, Anne Hathaway, Mackenzie Foy (incrível) e o próprio Matthew merecem notoriedade. O roteiro, como em todos os filmes dos irmãos Nolan, são obras por si só. Bem escritos e bastante originais, conseguem trazer realismo e ao mesmo tempo nos transporta para ideias mirabolantes.

Interestelar é mais que uma ficção científica. Ela nos faz pensar na esperança na humanidade e como essa esperança muitas vezes pode ser corrompida pelo próprio ser humano. Nele podemos perceber que o homem é um ser falho e ambicioso, mas ao mesmo tempo emocional e que se deixa levar pelo sentimento, seja ele bom ou ruim.

Quanto ao trabalho de Nolan, nada a declarar. Minhas expectativas com o filme foram superadas e cada vez me torno mais fã desse cineasta, que merece o reconhecimento que vem ganhando.

Agora, toda vez que olhar para o céu e suas estrelas, vou ter mais com que imaginar, mais com o que pensar.






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