quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mil Flores





Mil flores.
Foi o que eu vi à sua volta
naquele dia plasticamente nublado.
Mãos calejadas e trêmulas
se levantando para te oferecer mais
e mais.
Olhares cobertos por óculos escuros
que guardavam as lágrimas.
E caiam mais, flores brancas,
flores vermelhas.
Flores para uma flor,
que deixou suas sementes,
e finalmente, depois de tanto encantar.
murchou.
Mil flores.
Flores que tentavam alegrar,
mas que só entristeciam.
O chuvisco cobria as roupas pretas.
Até o dia chorava por ti.
Coroas te elevavam.
O aroma floral cobria o cheiro de terra enlameada
que se abria a nossa frente
para te receber.
O vento carregava as folhas
e algumas das pétalas das mil flores,
assim como ele te levou de mim.
Finalmente, a flor foi fincada
na terra.
Soluços contrastavam com trovões calmos,
talvez o lamento do céu.
Mil flores.
Foi o que eu te dei,
durante muitos mil dias.
Até que, o vento também me levou.
Mil flores.
Foi o que caiu sobre mim
naquele dia ensolarado.
Mil flores me cobrindo,
me levando para o único destino.
Você, a minha flor.



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